A mostra Sobrevoo reúne trabalhos do artista Marcos Amaro, em que ele desbrava o campo da escultura contemporânea. O que vemos, em primeira vista, é o acúmulo de coisas que formam uma massa que assume certo ‘geometrismo sem forma’. Descobre-se nas suas instalações a predominância de materiais de procedência aeronáutica. O artista divaga sobre a diversidade de materiais e formas que acumula oriundos das carcaças de aviões velhos e sua maquinaria.
O que faz depois de destroçar é reordenar as “ossadas” das aeronaves. Junta a esses pedaços outros materiais “sujos”, envelhecidos e descartados como: feltro, madeira, ferro, plástico, cano, corda, skate, lâmpada fluorescente, água, colchão, aparelho de televisão, intercalados com suas amarrações e soldas.
Desmonte, acúmulo e colagem é o processo de criação. Os trabalhos são partes combinadas que constroem formas inusitadas que, de tão reais, ainda exalam cheiros, mesmo que eles já não existam nos restos do avião. A sua poética está na ilusão humana de desejar voar sem ter asas.
O que faz, estranhamente, é dar sobrevida com afeto a essas máquinas, agora inúteis, que foram voadoras algum dia. Dá novo sentido quando os transforma em objetos de arte, mesmo que para pura contemplação, voltam carregados de memória.
Junta, desfaz, rejunta para chegar às suas esculturas e instalações monumentais, lhes devolvendo assim, os dias gloriosos. Agora como matéria pousada no chão, suspensas ou na parede do espaço expositivo, agora como arte.