Projeto de exposição para 2º semestre de 2020
Em 1978, Oscar Niemeyer publicou um livrinho intitulado A Forma na Arquitetura, no qual defende a beleza e as formas de sua arquitetura, defendendo que sempre estiveram em sintonia com a natureza brasileira, as formas curvilíneas de nossas mulheres, das praias, das montanhas de Minas. Tal partido foi usado de modo pioneiro no projeto do Complexo Cultural de Pampulha, segundo Niemeyer.
O presente projeto de exposição do jovem artista paulistano Marcos Amaro traz à Casa do Baile um conjunto de desenhos e uma instalação (o piano-assemblagem Sonata, 2016) que refletem sobre a função orgânica da linha na composição das formas que se replicam tanto no interior dos corpos, na dinâmica dos fluídos que os mantêm vivos, quanto no exterior, no modo como a matéria se dobra e se desdobra em busca da acomodação mais adequada, ao encontro mais íntimo.
Para Marcos Amaro, assim como para Niemeyer, ou Jean Tinguely, o comportamento do organismo vivo é exemplo para o desenho ou a construção de algum mecanismo, ou até mesmo para sua reconstrução. Isto se torna evidente nas três séries que serão aqui apresentadas: Milk Way, Partenogênese e Incesto Borgeouis, todas de 2019, que figuram a dança da linha no espaço no momento de impulso do organismo para se procriar, se reproduzir ou simplesmente se adaptar.
Luiz Armando Bagolin