Flávio Azevedo sobre Sobrevoo
Parametrizar sentimentos por meio de estilhaços aéreos requer habilidade, destreza e auto-conhecimento. Igualmente, demanda coragem de escolhas e de sensações. Sobrevoo, a exposição de Marcos Amaro, que abriu, no último sábado, no Centro Cultural Correios de São Paulo, reúne todas essas características e, ainda harmoniza cores, chiados, luzes, vídeos e projeções num percurso de sensibilidade e leveza, traços estéticos que muito definem o artista.
Sobrevoo é uma exposição inusitada e instigante, não somente pela combinação dos materiais utilizados, bem como pelo registro sublime da lembrança efetivado em cada peça construída. É um projeto de fôlego com vários trabalhos de média e grande dimensões que questiona o conhecimento do próprio autor a partir de sua formação e vivência.
Nessa primorosa combinação de estilhaços e memórias afetivas, os ruídos, as cores e as luzes preenchem os ambientes da exposição transmitindo ao visitante conforto e pertencimento ao particular universo do artista. Assim, sobrevoamos, aqui e acolá, em busca de nós mesmos. Quiçá, o próprio artista tenha procedido dessa maneira. Pois, mesmo com tempo ruim, todo mundo também dá bom-dia.